Por: Fellipe Málaga*
Marcos Roberto Silveira Reis, ou ‘São’ Marcos, mas seu nome bem que poderia ser simplicidade, honestidade ou honradez. O garoto esguio que saiu da pequena Oriente ganhou força, altura, músculos, títulos, fama, glórias e... continuou o mesmo cara da cidadezinha com seis mil habitantes.
Marcos só perdeu duas vezes na vida, uma delas foi para os cabelos, que insistiram em cair, deixando o vazio marcante na cabeça do arqueiro.
Marcão, o Santo canonizado por todo um País, é um daqueles caras que todo mundo queria ser amigo, ter contato, que todos queriam e precisariam ter por perto. Um homem íntegro, dedicado, que não dispensa uma boa conversa. Aliás, reza a lenda que o eterno camisa 12 ainda conseguia ser melhor contando histórias e ‘causos’ do que guardando uma meta. Será possível?
O maior título da História da Sociedade Esportiva Palmeiras, tirando o Mundial de 51, foi conquistado pelas mãos de Marcos. A Libertadores de 99 foi o seu cartão de visitas. Uma bola, um pênalti, um ídolo rival e um estádio cheio, ingredientes perfeitos para um ato divino: Marcelinho sentiu a perna tremer, balançar, mas ele tinha um enorme motivo para isso. Ali, Marcos fez uma defesa histórica, única, indescritível, genial.
Fundamental no penta de 2002 |
Mas Marcos não foi só alegria. O Brasil sofreu junto com o goleiro a cada contusão, a cada fratura, a cada lesão, que foram tristes companheiras de longa data do gigante. A torcida chorou várias vezes com ele. O Santo esteve prestes a largar o futebol no início dos anos 2000 por conta de um problema no punho, ou seja, por muito pouco o Brasil e o mundo não ficaram sem conhecer de fato um dos maiores goleiros da história do futebol. Mas ele não desistiu. Deus não haveria de fazer isso com um de seus soldados mais competentes. Ele caiu, mas levantou, como sempre.
Foram 21 longos anos de pura dedicação ao Palmeiras, lealdade até quando o clube caiu para a Série B. Os 45 milhões do Arsenal não foram suficientes para comprar o amor de Marcos. Disputou a segunda divisão como se jogasse uma Copa do Mundo e, com o espírito de lutador, de vencedor, trouxe o Verdão de volta ao seu lugar.
Mas eis que surge o tempo. O tempo foi o responsável pela segunda e última derrota do Santo. A tão temida aposentadoria foi anunciada e, mesmo esperada, entrou como um punhal nos corações alviverdes, nos corações brasileiros. As lágrimas foram inevitáveis, mas merecidas. Lágrimas de tristeza por não tê-lo mais em campo, mas também de alívio pelo corpo não suportar mais. O choro sempre esteve atrelado à imagem de Marcos, geralmente de alegria. Hoje foi o choro doído, o mais doído de todos, o mais triste, mas pelo menos foi o último.
Defendendo o pênalti cobrado por M.Carioca na Libertadores de 2000 |
O Santo do Palestra Itália, o garoto esguio de Oriente, o gigante da Copa de 2002, o eterno camisa 12 palmeirense, o ídolo de toda uma nação pendurou as chuteiras, ou melhor as luvas. O maior goleiro da história do Palmeiras e um dos melhores de todos os tempos, encerrou seus milagres, aposentou suas asas, saiu de campo para entrar de vez para a história.
Seu nome, que começa com ‘M’ de milagreiro e termina com ‘S’ de santidade, ficará pra sempre cravado na memória de quem é apaixonado por futebol. O tempo foi o culpado por tirá-lo dos campos, mas não o apagará das lembranças, principalmente dos palmeirenses.
Parabéns Marcão, parabéns por todos os serviços prestados ao Palmeiras e ao Brasil, obrigado por tudo, é o que nos resta fazer, agradecer e nada mais...
*Fellipe Málaga é jornalista, palmeirense e apaixonado por futebol em geral. Siga ele no twitter @FellipeMalaga
Ficha:
Marcos Roberto Silveira Reis - 04/08/1973
Clubes: Palmeiras (92-2011) - 350 jogos pelo clube
Títulos:
Taça Libertadores (1999)
Copa Mercosul (1998)
Brasileiro (1993/94)
Copa do Brasil (1998)
Série B (2003)
Paulista (1993/94, 96 e 2008)
Rio São Paulo (1993 e 2000)
Copa dos Campeões (2000)
Fez 29 partidas oficiais pela seleção
Seleção Brasileira:
Copa do Mundo (2002)
Copa das Confederações (2005)
Copa América (1999)
Dia: 27/06/2011 CearaSC x S.E.Palmeiras vai ficar marcado na minha memoria, e poderei dizer a filhos e netos o dia em que vi pela primeira e ultima vez Sao Marcos Atuando com a camisa do Palmeiras. Obrigado São Marcos !
ResponderExcluirArmando Nogueira parece que fez escola!!!Belo texto!!
ResponderExcluirGoretti Cavalcante